Quico e Pipita chegam ao UK

Ao fim de quatro anos, finalmente temos a família completa! Os nossos peludinhos fizeram a viagem e estão no UK connosco.

Há duas hipóteses de os transportar: de avião ou por terra. De avião ficaria cerca de 1000 euros, só a BA transporta animais de estimação, tem 2 voos por dia e só os animais de um dono podem viajar em cada voo. Implica deixá-los de manhã cedo no aeroporto em Lisboa e i-los buscar ao fim do dia ao controle veterinário em Heathrow. Muitos dos nossos amigos optaram por esta via, mas as notícias recentes de animais perdidos em aeroportos e que até morreram nos porões dos aviões assustaram-me bastante, pelo que falei com a veterinária sobre a alternativa de os trazer de carro.

A resposta foi clara: melhor 24h de carro com os donos que 12h com estranhos e foi o que fizemos (noutro post conto os detalhes da viagem).

Há muito tempo que eles tinham a documentação pronta – para gatos vindos da UE é preciso chipar, passaporte internacional e vacina da raiva em dia. À chegada a Callais foi só dirigirmo-nos com os documentos e os peludinhos ao controle animal, onde verificaram a vacina e usaram um detetor de chip para verificar que este existe. Nem precisaram sair das caixas. Nós pedimos aos nossos amigos que já tinham trazido gatos por avião, as respetivas caixas de transporte XL, mas percebemos que de carro poderiam ter vindo nas caixas normais.

Hoje andam super felizes na nova casa! As janelas estão normalmente abertas e eles entram e saem quando lhes apetece. Já fizeram amigos peludos novos e acho que não tiveram problemas com o novo idioma 😉

Encontrar casa!

Nestes 4 anos e meio que estamos no UK, já mudámos de morada 3 vezes, primeiro de Willesden para Hanwell em Londres, depois para Oxford e mais recentemente para Didcot, perto de Oxford. Passámos de um quarto numa casa partilhada para um T1 com um pequeno pátio, depois para uma casa com 2 quartos e um pequeno jardim e agora a casa tem 3 quartos, um bom jardim, garagem e, acima de tudo, podemos ter os nossos gatos nesta casa!19437519_10213165560003437_626080313087358247_n

Para procurar casa, as nossas apps favoritas são Zoopla, Rightmoove e Prime Location. As 3 existem como site online mas, curiosamente, é muito mais fácil de ver em mobile. Primeiro há que definir o orçamento e a zona onde querem viver. Eu gosto de passar 2, 3 meses a consultar as apps regularmente para perceber o que é que o meu dinheiro pode pagar na zona por mim definida.

Quando fomos para Hanwell, a principal razão é que os nossos amigos viviam perto, entre Ealing e Northfields, e a central line do tube levava-nos diretos aos nossos trabalhos, ainda que demorando 1h. Quando ficámos cansados da rat race em Londres, começámos a procurar emprego fora. Definimos que queríamos uma cidade não demasiado longe, mas mais pequena e com melhor qualidade de vida. O resultado foi o Ricardo ter arranjado emprego em Oxford e termo-nos mudado para lá. Como eu ia precisar de continuar a comutar para Londres pelo menos 3 vezes por semana (trabalhando de casa os outros 2 dias), escolhemos Headington que fica na saída para Londres e de onde eu podia apanhar o autocarro para Marble Arch (tanto o X90 quanto o Oxford Tube funcionam 24×7, com intervalos entre 15mn, em hora de ponta, ou 1h, durante a noite).1491762_10203706527933547_4954388122698019028_n

Entretanto o Ricardo mudou de emprego para Abingdon e eu passei a trabalhar de casa a maior parte do tempo, pelo que decidimos que era tempo de trazer o Quico e a Pipita para o UK e, para isso, precisávamos de uma casa onde tivessemos autorização para eles. Também precisávamos de um espaço para o meu escritório e o Ricardo queria uma garagem para os “veículos” dele!

Didcot tem ligação em comboio direta a Londres e fica a 25mn de bicla de Abingdon, tem um talho fabuloso, supermercados, cinema e centro cultural – solução perfeita.

Como disse antes, gosto de passar uns meses a perceber o mercado, tanto mais que não vale a pena ir ver casas ou visitar agencias menos de 2 meses antes da data em que nos pretendemos mudar. Com os ditos 2 meses de antecedencia, é fazer a visita a todas as agencias imobiliárias locais (normalmente é muito fácil, ficam todas num raio de 300 metros umas das outras, só seguir o google maps), abrir ficha explicando o que se pretende, distinguindo o que é “must have” do “wish have”. Na semana seguinte percebe-se logo qual vai ser a agencia com quem se vai trabalhar mesmo, vai ser a que liga com algumas sugestões e que continua a ligar até nos arranjar uma casa. Foi o que aconteceu em Hanwell e também em Didcot.

Quando se gosta de uma casa é avançar logo com o processo! Não vale a pena ir ver mais, tanto mais que podem perder aquela de que gostaram. Foi o que quase nos aconteceu em Oxford. O Ricardo foi ver uma casa, como eu não estava não avançou. No dia seguinte, quando contatei a agencia, já alguém tinha arrebatado a “minha” casa. Infelizmente, para o outro casal, não tinham rendimentos suficientes e a agencia contatou-me outra vez e ficámos com a casa.

Por falar em rendimentos: o mínimo é que o vosso rendimento anual bruto tenha de ser 30 vezes o valor da renda mensal, ou seja, para uma renda de 1000 libras, precisam de ganhar, pelo menos, 30k por ano. Para além da renda, contem com mês e meio de depósito (no caso de animais de estimação são, normalmente, dois meses), e as fees da agencia, 180 libras por pessoa é normal! À saída poderá haver custos de inventário (caso a casa seja mobilada) e de limpeza profissional (na casa de Oxford gastei 270 libras – a minha casa estava bem limpa que somos filhos de Alentejanas e mesmo assim…).

Agora devemos ficar por aqui uns anos… Gostamos mesmo desta casa!

 

Eles continuam por cá, nós também!

Mal tinhamos chegado, quando na RTP passou esta reportagem. Reconhecemos os sentimentos, a incerteza, a esperança e o supermercado! O João e a Cristiana eram nossos vizinhos aqui em Willesden. Durante estes meses todos, tenho estado atenta a ver se os via, mas pensei que já se teriam mudado porque nunca os tinha visto.

A semana passada decidimos ir apanhar o metro, uma vez que íamos visitar uns amigos do outro lado da cidade e o autocarro demoraria imenso tempo. Claro que apanhámos obras de manutenção e tivémos de apanhar um autocarro de substituição, lol!

Qual não é a nossa surpresa, entre os diversos casais tugas no autocarro, reconheci os caracóis da Cristiana. Eles perceberam que tinham sido reconhecidos e lá fizeram aquele meio-sorriso de quem já está habituado a ser abordado no meio da rua. Apresentámo-nos e ficámos a saber as novidades. Continuam ambos nos empregos que arranjaram quando chegaram a Londres, mas já mudaram para um quarto maior e com janela! Estão muito satisfeitos e a olhar para o futuro. Eles vão continuar e nós também!

Tugas em Londres

Londres está cheia de Tugas, tal como está cheia de Brasileiros, Espanhóis, Italianos, Árabes, Indianos. Aliás, esta cidade parece estar cheia de todas as nacionalidades, menos Ingleses. Esses, se os queremos ver, temos de ir à província.

Nas nossas 6 semanas cá, já conhecemos uns tantos ou quantos Tugas, jantámos ou almoçámos em casa de 3 casais que, por sua vez, nos apresentaram mais amigos. Na generalidade, são mão-de-obra qualificada, enfermeiros, dentistas, higienistas ou até produtora de televisão. Vieram já com contratos garantidos ou estudar e depois ficaram por cá. Têm um bom nível de vida e não abdicam de viajar ou sair à noite. Agrupam-se em pequenas bolsas, facilmente identificáveis pelas parabólicas da Zon e da Meo. Nós estamos a considerar se nos juntamos ao Little Portugal que a nossa amiga Sarita quer constituir em Ealing ou se rumamos à margem sul para o pé do Nuno/ Sara e Jorge/ Diana.

No outro extremo, estão a maioria das pessoas que nos rodeiam em Willesden. Com pouca escolaridade, chegam à procura do sonho. Lembram muito a vaga de emigração dos anos 60. Falam pouco inglês ou nenhum. Empregam-se, basicamente, nas limpezas onde há sempre trabalho e os Portugueses são conhecidos por trabalhar bem. Fazem a sua vida localmente, o café é português, o talho é português, o cabeleireiro é português. É possível viver nesta terra sem falar a língua do país, na verdade! Dependem, muitas vezes, dos apoios financeiros e logísticos do governo, o que ajuda a piorar a imagem dos imigrantes junto da sociedade inglesa.

Nós, por enquanto, vivemos entre uma comunidade e outra…

Green Card

E em Setembro apercebemo-nos de que o concurso para concorrer ao Green Card estava quase a acabar. O Ricardo adora os EUA (eu nunca lá fui, mas devo gostar daquilo) e, portanto, a hipótese de ganhar uma valiosa autorização de residência tinha de ser aproveitada.

Lá andou o Ricardo a perceber todos os meandros da coisa e a decorar as instruções sobre a fotografia a juntar ao processo. E, olhem que são exigentes com a coisa!

Em dia de Ignite Portugal, estava eu pronta para sair, bem maquilhada, mas discreta que aquilo mete paletes, mas não quer dizer que se vá mal-arranjada, e o Ricardo a insistir que era de aproveitar para tirar a foto para o green card. Obrigou-me a encostar a uma parede lá de casa e disparou a câmara. Ainda bem que não podia sorrir, porque contrariada como eu estava, não iria dar grande coisa.

Claro que as fotos que eu lhe tirei estavam tremidas e/ ou cheias de sombras e tiveram de ser repetidas no dia seguinte.

Pronto, finalmente preenchemos o formulário online. Agora é esperar uns meses e ver se nos sai alguma coisa. E vocês, mais alguém concorreu?

Crónicas de uma emigrante!

Estou desempregada há 18 meses. O meu namorado há 6 meses. Apesar dos muitos cv’s enviados, das muitas entrevistas, de ter ativado toda a minha rede de contatos e da considerável experiencia e qualificações que possuo, não surge emprego para mim. Do lado do Ricardo, acontece o mesmo.

Assim, decidimos que era a oportunidade ideal para a experiencia internacional que sempre desejámos. Comprámos bilhetes e aqui vamos nós para outro país. Vamos cheios de esperança e confiantes nas nossas capacidades. Este blog vai-vos contar todas as nossas peripécias ao longo do tempo. Venham connosco!