Metro – Tube

O Tube é a forma mais eficaz de nos deslocarmos em Londres, mas é caro! Os passes mensais variam entre as 116 libras e as 300, dependendo das zonas incluídas. A maior parte das viagens inclui transbordos e, ao fim de semana, convém verificar quais as linhas que estão a ter obras, já que podem interromper a circulação. As estações são velhas e feias, principalmente quando vimos de Lisboa em que muitas estações são verdadeiras obras de arte, as composições são novas e bem tratadas, os colaboradores são atentos, simpáticos e sempre disponíveis para ajudar.

Lê-se muito no metro de Londres. É normal ver alguém a ler um livro ou a “folhear” um e-book enquanto come uma sandwich. Outra alternativa são os diversos jornais gratuitos distribuídos à porta das estações. Quando acabamos de ler o nosso jornal, é de bom tom dobrá-lo bem e deixar no banco para o próximo ocupante.

O Tube fecha à 01h da manhã, pelo que, depois desta hora, só resta a rede de autocarros.

Nós usamos pouco o Tube. Apenas quando vamos para o outro lado da cidade e temos pressa, ou se autocarro significar 3 autocarros diferentes e 2h de deslocação.

London Bus

Os tradicionais autocarros encarnados de dois pisos são, talvez, a melhor forma de se viajar nesta cidade. São, sem dúvida, a mais barata, 20 libras por semana ou 75 por mês. A rede de centenas de linhas cobre toda a cidade e permite ir conhecendo zonas novas consoante temos de ir aos sítios. Muitas vezes, precisamos, de apanhar dois autocarros para chegar ao nosso destino mas são bastante regulares e, raramente, se espera mais de 5 mn. Daqui de casa, ao virar da esquina, temos autocarros diretos para Oxford Street, Victoria Station, Hammersmith e White City, o que nos dá uma panóplia imensa de ligações com o resto da cidade.

A rede nocturna também é impressionante. A qualquer hora da noite, é possível regressar a casa. Claro que convém não nos enganarmos na paragem em que temos de sair quando estamos no último autocarro, para não ir parar a Chiswick e ter de regressar a pé até uma zona em que houvesse autocarros nocturnos como nos aconteceu a primeira vez que fomos a Ealing. By the way, casas lindas, ruas largas e sentimo-nos perfeitamente seguros todo o tempo!

Este fim-de-semana, tivemos outra aventura. Apanhámos o último autocarro em Clapham que, afinal, não ia para onde eu pensava, resultado lá estávamos nós a olhar para o intricado dos autocarros nocturnos a ver qual nos poderia trazer para mais perto e, à nossa volta, uma carrada de Ingleses felizes que acabavam de sair dos pubs e se deliciavam com kebabs e outros fast food. Tudo se resolveu. Autocarro para Oxford Street e 98 para Willesden. E cama que o dia tinha sido longo.

Tugas em Londres

Londres está cheia de Tugas, tal como está cheia de Brasileiros, Espanhóis, Italianos, Árabes, Indianos. Aliás, esta cidade parece estar cheia de todas as nacionalidades, menos Ingleses. Esses, se os queremos ver, temos de ir à província.

Nas nossas 6 semanas cá, já conhecemos uns tantos ou quantos Tugas, jantámos ou almoçámos em casa de 3 casais que, por sua vez, nos apresentaram mais amigos. Na generalidade, são mão-de-obra qualificada, enfermeiros, dentistas, higienistas ou até produtora de televisão. Vieram já com contratos garantidos ou estudar e depois ficaram por cá. Têm um bom nível de vida e não abdicam de viajar ou sair à noite. Agrupam-se em pequenas bolsas, facilmente identificáveis pelas parabólicas da Zon e da Meo. Nós estamos a considerar se nos juntamos ao Little Portugal que a nossa amiga Sarita quer constituir em Ealing ou se rumamos à margem sul para o pé do Nuno/ Sara e Jorge/ Diana.

No outro extremo, estão a maioria das pessoas que nos rodeiam em Willesden. Com pouca escolaridade, chegam à procura do sonho. Lembram muito a vaga de emigração dos anos 60. Falam pouco inglês ou nenhum. Empregam-se, basicamente, nas limpezas onde há sempre trabalho e os Portugueses são conhecidos por trabalhar bem. Fazem a sua vida localmente, o café é português, o talho é português, o cabeleireiro é português. É possível viver nesta terra sem falar a língua do país, na verdade! Dependem, muitas vezes, dos apoios financeiros e logísticos do governo, o que ajuda a piorar a imagem dos imigrantes junto da sociedade inglesa.

Nós, por enquanto, vivemos entre uma comunidade e outra…

Número de Segurança Social – NINO

O NINO é das primeiras coisas a tratar quando se chega cá. É o número da Segurança Social, mas também das Finanças. Tendo em conta que não têm Cartão de Cidadão, é o que nos identifica perante o Estado.

É fácil de tratar. Basta ligar para o nº 0845 915 7006 e marcar a entrevista. A nossa foi marcada para dia 30/01, 09h30 da manhã em Camden Town. Calculámos mal o tempo de viagem e chegámos atrasados. O segurança estava decidido a exercer o pouco de poder que lhe dão e pôs um ar zangado, mas deram-lhe ordens de nos deixar subir. Em 15 mn fomos atendidos, cada um por um simpático funcionário que nos ajudou a preencher o pedido. Documentos necessários: passaporte, NIF português, contrato de trabalho se já tiverem.

Informaram-nos que o NINO chegaria à morada que tínhamos dado em 2 a 4 semanas. Uma semana depois já os tínhamos.

De seguida? De seguida, fomos conhecer o mercado de Camden Town… Já estávamos lá, mesmo!

Mais informações aqui.

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Transferir Subsídio de Desemprego

Como vos disse há umas semanas atrás, os dois estávamos desempregados em Portugal, logo a receber subsídio de desemprego. Um dos factores que influenciou a nossa escolha de destino foi o podermos continuar a receber o subsídio durante 3 meses, enquanto procuramos emprego. É uma rede protectora, que nos ajuda a procurar o que queremos fazer, sem nos enviar diretos para as limpezas. Este sistema existe para toda a União Europeia, Suiça e mais alguns países.

Como fazer? Basicamente, antes de partirem vão à Segurança Social e peçam o documento U2. Tratem disto com tempo, por favor! Nós só fomos uma semana antes de viajarmos e a senhora que nos atendeu assustou-nos imenso ao dizer que o documento não chegaria a tempo, uma vez que temos 7 dias de calendário para nos inscrevermos no Centro de Emprego no país para onde vamos. Sim, porque não é possível obter este documento online, nem é emitido no momento em que o pedimos, é-nos enviado à posteriori para a morada que dermos. Neste caso, demos a da Sónia e do Zé, claro! Qual não é a nossa surpresa quando o documento chegou na 2ª feira a seguir à nossa chegada. A Sónia e o Zé dão-nos sempre boas notícias! Ah, também é preciso ir ao IEFP e cancelar a inscrição, vulgo sair das estatísticas de desemprego portuguesas.

Munidos dos respectivos U2 e passaporte (dá sempre jeito, esta gente não tem BI, nem CC e não entende que documentos são estes), dirigimo-nos ao Centro de Emprego local e quando digo local, quero dizer que vamos a pé. Marcaram-nos uma entrevista para dois dias depois que correu super bem. Enviaram um fax para a Segurança Social Portuguesa a atestar a nossa inscrição, mostraram-nos o respectivo comprovativo e, desde aí, temos de lá ir de duas em duas semanas assinar um papel e pronto! Até dia 12 de Abril, continuamos a receber o subsídio de desemprego português nas nossas contas. Como é Portugal que nos paga, nem nos pedem comprovativos de procura de emprego, como fazem a quem recebe subsídio cá.

Atualização: Se vierem como casal, façam os pedidos individualmente no Centro de Emprego, mesmo que eles insistam num pedido conjunto (joint claim) para evitar o que nos aconteceu: o Ricardo arranjou emprego e eu tive de preencher novamente as 40 páginas de perguntas para iniciar um novo pedido!

Viagem ao NHS, de ambulância

Nada de pânicos! Não foi nenhum de nós! Apenas um susto que a Rosa, a nossa senhoria nos pregou ontem ao fim do dia/ noite.

Estava eu muito descansadinha no quarto, a enviar cvs, quando me aparece uma Rosa pálida como a cal a pedir para chamar a ambulância. Lá liguei para o 112 que passou para as ambulâncias e, por telefone, é feito o primeiro despiste. Como respira bem, está consciente e se pode mover não mandam logo a ambulância. Pedem para ficar junto ao telefone e recebo um segundo telefonema, já de uma enfermeira que, de forma extremamente carinhosa chamou-me love e dear todo o tempo), fez um segundo diagnóstico e envia a ambulância.

Chegaram silenciosamente, só com as luzes, subiram, diagnosticaram e ala que se atrasa a malta para o Hospital. Deixaram-me ir na ambulância, coisa que em Portugal não acontece! Na verdade, precisavam de tradutor mesmo, uma vez que a Rosa fala apenas o essencial de Inglês. No caminho, deram-lhe um analgésico por via respiratória, que lhe aliviou bastante as dores que sentia na zona abdominal. Em todo o caminho não ligaram a sirene, nem foi necessário andar em fora de mão ou fazer rotundas ao contrário como já vimos. Oooooohhhhhhhhhhhh!

Chegadas ao Hospital, despiste pela enfermeira, copinho na mão para ir fazer xixi e despedimo-nos dos nossos companheiros de viagem. No caminho tinha dado para conversar e fiquei a saber que a senhora gostava de sapatos e que a única vez que tinha estado em Portugal tinha sido na Praia da Rocha (ninguém merece!).

Passados nem 10 mn, um rapaz novo, giro, chama a Rosa e lá vamos nós. Apresenta-se como Craig e que é médico ali! Ficamos a olhar, parece demasiado novo, demasiado gentil e demasiado prestável para ser médico. Repete as perguntas que já tinham sido feitas e a certa altura eu já respondo, antes de me perguntar. Ri-se! Por fim, recolhe sangue para análise (yup, não chamou uma enfermeira para o fazer) e deixa-nos ali. Volta passados uns minutos. Em princípio é vesícula, vai pedir à especialidade para vir observar e dar a certeza e, entretanto, toca de ir fazer um RX e também tomar um analgésico.

No RX, deram pela falta da pulseira identificadora, toca de ir à receção pedir uma. Como tínhamos chegado de ambulância, era normal que não tivesse ainda. A caminho da receção, um outro médico já tinha perguntado se era a Rosa, quando regressámos, já não deixou ir ao RX, quis observar primeiro, com a ajuda de outra médica. Se o Craig era giro, este era muito mais! Acrescentava ser um homem maduro e cheio de charme. Aqui para nós, acho que estes médicos giros ajudaram tanto quanto o analgésico a tirar as dores. No final, confirmou o diagnostico do Craig e informou que, consoante o resultado das análises poderia ficar internada ou vir para casa e ser chamada para outros exames e consulta à posteriori. As análises estavam boas e viemos para casa!

As voltas para vir para casa merecem outro post. Agora é tempo de conclusões sobre as urgências em Londres: são muito calmas, têm poucos pacientes, as coisas são tratadas sem stress! Os médicos vão chamar os pacientes à sala de espera e apresentam-se pelo nome. A todo o tempo estava a comparar com as urgências de S. José e Londres pareceu-me melhor. É uma primeira impressão e sabemos o valor que estas têm na relação posterior.

Primeira entrevista

Ok. Não foi à primeira, não foi à segunda… Tinha de ser à Terceira!!! Uma entrevista marcada. Onde? Numa loja de bicicletas, pois então! E poderia ser melhor? Poderia. Hum… Bem, poderia existir um autocarro aqui à porta que me deixasse mesmo à porta da loja. Well, your wish is my command! Epá, perfeito!

Acordamos bem cedinho, uma banhoca para arrebitar as pestanas, um grande pequeno-almoço e ala para o frio que nos espera uma hora de autocarro. É engraçado ver que aqui a vida começa bem cedo. São nove e picos e existem muitas pessoas na rua, muita vida activa, muita gente já acordada há bastante tempo.

Hora da verdade, entrevista na loja. Chegada um pouco mais cedo par air visitando a loja quando vem de lá o Gerente. Mostra-me um pouco a loja, a Oficina, o armazém e temos a entrevista na copa, em dois banquinhos. Oferece-me um chá mas não aceito, educadamente. Acabara de tomar um Capuccino no Starbucks.

A entrevista seguiu controlada. Isto é, já são muitos anos a “virar frangos”. Não somos miúdos, controlamos a entrevista sem dar muito nas vistas. Falador, bem disposto, de forma a mostrar os excelentes dotes de comunicador e… siga para bingo! No final, o Gerente mostra-se surpreso! Mais de hora e meia de conversa. Normalmente, refere, estas entrevistas demoram menos de uma hora. Mas, eu tenho muita coisa no Currículo. Tenho um bom Currículo, termina! Só pode augurar algo de bom.

Agora, semana e meia de espera pela resposta e, se positiva, é para começar no final de Fevereiro.

Mal-vestidos

Londres é uma cidade muti-cultural. Disso não havia dúvidas. E, como tal, tem gentes de todas as raças, todos os feitios, de todas as nacionalidades. E tem aves-raras. Cidade europeia que se preze, tem de ter aves-raras. E não falamos dos vários estilos de moda como góticos, pin-ups, gentlemen, etc. Falamos mesmo das aves-raras, aquelas/es que, dentro do seu estilo, ridículo, conseguem não conjugar peças de roupa e parecem desconstruir todo o conceito de moda, se é que ele existe.

Infelizmente não podemos captar estas figuras, ou porque aparecem como se vindas sabe-se lá de onde, ou porque não temos a máquina à mão. Mas, é com cada ave-rara, cada cromo mais difícil… Se ao menos fossem coerentes. Por exemplo, vimos uma pin-up no metro. Mas, dentro do estilo, que se reconhecia, a miúda estava “perfeita”. Agora incongruências no estilo, maltrapilhos e mal vestidos… Ui ui…

London is a multi-cultural metropolitan capital. No doubts about it. So, it has people from all races, from all sorts, from every country. And have strange-people. Every European capital has to have their own strange-people. And we’re not talking about those lifestyles like gothics, pin-ups, gentlemen, and so on. We’re really talking about strange-people. Those who can’t match pieces of clothes and seem to be deconstructing all the concept of fashion, it there is such a thing.

Unfortunately we can’t capture these figures, or because they appear from who knows, or because we don’t have the camera ready. But, such a figure each time… it seem like a card for a collection… If at least they we’re coherent. For example, we saw a pin-up girl in the Tube. But, inside the style, which was recognizable, the girl was “perfect”. But inconsistency in your own style, ragamuffins and badly dressed… Ouch!!!!

London Bike Show

As expectativas eram grandes. Mas saíram um pouco furadas. Esperava mais. Sinceramente. A grandiosidade do mercado, a estrutura comercial em torno do sector das bicicletas é de uma dimensão tão grande que esperava muito mas espaço, mais marcas, mais stands, mais pessoas.

Então o que teve o Bike London Show? Mais do que tudo, teve show: demonstrações, ciclistas radicais, pista de testes, provas acessórias. O que teve de vantagem face ao mercado? Bem, é certo que com condições meteorológicas tão adversas, os ingleses se sintam menos inclinados para andarem de bicicleta no Inverno. Assim, uma feira em Janeiro, começa a arrebitar os londrinos para as bicicletas. Esta, mais do que uma montra dos modelos “novos” (lançados em Outubro do ano passado), funciona como dois pólos: venda directa de produtos de inverno com saldo (grande stand da Madison neste ponto) e pré-venda de bicicletas para o início da Primavera, no mês de Março. Uma relação mais próxima com os clientes finais em que, efectivamente, se podem fechar negócios mas, apenas uma pequena mostra do que é o mercado das bicicletas em Inglaterra!

Como diria alguém, mais depressa o NEC de Birmingham que tem lugar em Setembro é o evento de lançamento dos novos modelos em que todas as marcas estão presentes do que propriamente este evento, em Londres, quase que como a dizer aos londrinos: ah afinal de contas, também temos um evento dedicado ao mercado das duas rodas.

Agora, só um aparte. A quantidade de marcas com bicicletas eléctricas expostas só por si dava outro post. É um mercado muuuito à frente!

CV’s e cartas de candidatura

O CV cá tem de ser muito mais objectivo que em Portugal. Para cada função as responsabilidades principais e os sucessos, eventualmente uma pequena descrição da empresa, caso não seja muito conhecida. Tudo em duas páginas! Nada de foto ou data de nascimento porque podem ser factores discriminatórios e ninguém quer ser acusado de tal.

Tivemos muita sorte, uma vez que os dois tivemos quem nos revisse o CV e adaptasse às regras do mercado. No caso do Ricardo foi a Filipa que o fez ainda via email, quando ainda estávamos em Portugal, conhecemo-la através de uma amiga comum e mostrou-se super disponível para o fazer. O meu foi revisto pela Sónia, também amiga de um amigo, mas já depois de estarmos no UK. Num Sábado à tarde encontrámo-nos e no Domingo ao fim do dia, após trocarmos alguns emails, a versão final estava pronta.

Já a carta de candidatura é a oportunidade da pessoa se vender à empresa a que concorre. Pode ser longa, com 6 ou 7 parágrafos, mas continua a ser objectiva. Numa brochura sobre procurar emprego para estudantes universitários que a Sónia, a nossa amiga que nos recebeu, me trouxe no outro dia, finalmente percebi as regras! Plain English, voz activa e relevância para a função a que nos candidatamos. Parece simples e é. Basta não complicar!