Emigrar implica sair da nossa zona de conforto, enfrentar desafios constantes e dar valor a coisas anteriormente banais!
Quando emigramos, descobrimos que conseguimos viver com menos, menos espaço, menos dinheiro, menos roupa, menos objetos. Também descobrimos que é possível viver com mais, mais distância da família e dos amigos, mais tempo sózinhos, mais frio, mais calor, mais amigos novos.
Eu, que toda a vida morei na mesma rua (mesmo quando comprei casa própria, era no prédio em frente dos papás), já tive 3 moradas desde que vim para o Reino Unido: primeiro um quarto em Willesden, depois um T1 com um quintalinho em Hanwell e agora uma casa de 2 quartos com um jardim nas traseiras em Oxford. Em Portugal ia de carro para o trabalho, máximo 30mn de viagem, agora faço um commuting 3 vezes por semana de 2h em cada sentido e não me queixo porque os outros 2 dias trabalho a partir de casa!
Ser emigrante significa que os amigos fazem questão de nos visitar sempre que vêm a Londres e que temos “quality time” com todos eles! Às vezes malta que passávamos o ano todo só a trocar likes no Facebook.
Ser emigrante significa que damos muito mais valor ao sabor da comida da mãe e a sopa de peixe de rio do meu pai é o melhor piteu do mundo!
Ser emigrante significa que passamos a achar normal um dia ir de fato para o trabalho e no dia seguinte de havaianas, porque já não temos nenhuma reunião com clientes.
Quando o sol aparece, vamos a correr para o jardim fazer um piquenique ou pomo-nos de fato de banho a apanhar sol e fica-se a pensar, mas como é que eu deixava de ir à praia num dia bom só porque não me apetecia?
Ser emigrante significa trazer as malas cheias de vinho, chouriços caseiros, queijos e bacalhau porque cá em casa cozinha-se comida tradicional portuguesa, mas também um excelente risotto e um fantástico salmão wellington.
Nas festas cá em casa fala-se muito Português, mas também Inglês, Russo, Italiano, Espanhol e as linguas de quem mais aparecer.
Ser emigrante significa que um dia vamos voltar não porque falhámos cá fora, mas porque Portugal é o nosso país com todos os seus defeitos e virtudes e é em Portugal que estamos em casa. Mas, enquanto não voltamos, a nossa casa é em Oxford!
Alexandra, adorei o teu texto e faz-me ter umas saudades ENORMES de Inglaterra… e é mesmo isso, aí damos mais valor a tudo… mas acredito que temos mais “qualidade de vida”. Seja o que isso for para cada um! 🙂 Beijinho grande e aproveitem ao máximo!!
Apesar de Sheffield não ser uma cidade linda, as pessoas são maravilhosas. Visitem se não tiverem ido!! 🙂
Olá Raquel, muito obrigada pelo teu comentario. Eu ainda não fui a Sheffield, mas o Ricardo chegou a ir a uma entrevista lá, ou seja equacionámos ficar por esses lados, mas não se concretizou no final! Estamos a amar Oxford.
Aproveitem muito! 🙂 xxx
Oh Alexandra, que texto tão bonito e tão certeiro!
Não me revejo, porque não me aventurei para fora, mas encontro nele todos os meus amigos que emigraram!
e para quem foi estando atenta à tua página no FB e ao blog (quando existia) a vossa jornada tem sido uma jornada e tanto 😉
Bjs e tudo de bom!
Obrigada Aline! A ver se retomo o blog, agora que já estamos mais estabilizados 😉
Muito bom. Começo a desconfiar que vou compreender algumas coisas deste texto em breve!
Mais depressa do que pensas! Mas a tua mulher explica-te..