Domingo de Páscoa à Emigra

O fim-de-semana da Páscoa tem 4 dias no RU, já que a 2ª feira também é feriado. Eu estou em casa os 4 dias, o Ricardo só esteve no Domingo, já que a loja abriu nos outros dias e o Gerente esteve de férias, sendo necessário cobrir esses dias.

Cá em casa somos só três, nestas semanas, já que a Rosa foi passar a Páscoa à Madeira com a família. Ficámos nós e o Hugo, Açoriano de São Miguel com o seu sotaque marcado. Já fez dois anos que está em Londres e mistura bastantes palavras inglesas no meio do português. Soa “nice”!

No Sábado tinha prometido umas panquecas para o pequeno-almoço, mas a falta de uma frigideira antiaderente fez com que mudasse de planos. Convidei o Hugo para almoçar connosco.883549_10200290758204578_1564968855_o

Foi um almoço relativamente simples! Fizemos umas gambas ao alhinho e galinha no forno. Quando fui preparar o almoço apercebi-me que faltava pão e pimentas para as gambas, pedi ao Ricardo que fosse à rua. Lá foi o rapaz a correr ao DeliBeira. Regressou com dois pães fatiados (algures entre o pão alentejano e o de Mafra) e um pacote de pimenta branca!!!! Em 4 anos, nunca me viu usar pimenta branca, mas enfim…

As pernas e coxas de galinha tinham sido congeladas já temperadas com molho de soja e mostarda, pelo que ao descongelar ganharam o sabor, foi só colocar no forno com vinho branco (4 libras a garrafa mais barata que consegui encontrar – ufa!!!!), azeite, alho e louro. Acompanhei com batata nova cozida e depois levada ao forno com azeite e tomilho e uns pimentos e cebola salteados em azeite e molho de soja.

O Hugo892973_10200290944969247_1830679545_o contribuiu com uma cerveja que combinou perfeitamente com a refeição e um gelado que saldou a coisa como deve de ser! O Ricardo fez o café e o meu chá… No final, os rapazes lavaram a louça e arrumaram a cozinha enquanto eu me refastelava a beber chá.

Depois, cumpriu-se a tradição de dormir a sesta a seguir a um belo repasto. Emigrantes, mas as tradições são para se cumprirem!

Orçamento

Nós andámos às voltas com o orçamento desde que decidimos dar o salto, na verdade! Começou por ser um excel em que pusemos as despesas de viagem, onde íamos pondo todas as despesas previstas quando chegássemos, passou por, nos primeiros dias, lançar todas as que tivemos até que percebemos quanto é que precisávamos por semana.

E esta foi a primeira mudança em termos de pensar o dinheiro. Porque eu recebo à semana, porque muita coisa se paga à semana, deixámos de pensar em despesas por mês e passámos a pensar em semana.

Resumidamente, como casal, precisamos de 300£/ semana. Metade desde orçamento vai direitinho para o quarto. Podíamos ter um ligeiramente mais barato, mas seria mais pequeno, partilharíamos a casa de banho com mais gente ou a casa poderia ser uma bagunça. Tal como está, achamos este a nosso jeito. Depois, vão 40£ para os passes de autocarro, 50£ para supermercado, ficam 60£ para almoços e outras despesas como a ida semanal ao pub que não dispensamos. Neste momento, vamos passar a comprar passes mensais, o que significa que na primeira semana, gastamos 410£, mas que nas outras o orçamento baixa para 260£.

Comunicações, carregámos 10£ em cada telemóvel no início do mês e ainda temos bastante saldo, estamos mesmo a pensar que já vamos poder comprar um pacote de dados cada um e, portanto, navegar à vontade sem andar à procura do wireless gratuito mais próximo.

De notar que não incluí roupa e outras despesas neste orçamento, pelo que deve ser encarado como o mínimo necessário para sobreviver em Londres. Trocado em miúdos… um paga as despesas e o outro guarda o ordenado para outros vôos.

Aos potenciais novos Londrinos

Praticamente, todos os dias recebemos pedidos de ajuda de malta que quer dar o salto. Perguntam-nos o que devem fazer, se o nível de vida é muito alto, como arranjar emprego, alojamento, etc… Foi também a pensar nestes casos que decidimos escrever o blog e muitas das respostas já aqui estão.

Já nos pediram para rever cvs (Micas, o teu não está esquecido!), mas muitas vezes pedem-nos para os avisarmos se soubermos de alguma coisa para eles! Lamentamos, mas não nos é possível responder nestes casos, estamos tão ocupados a procurar emprego/ casa para nós, a lidar com as contingências do dia-a-dia, a pôr a conversa em dia com os nossos pais, a resolver alguns pendentes que deixamos em Portugal que não dá para procurar emprego para outras pessoas. Tanto mais que não sabemos o que querem encontrar, acho que muitas vezes nem eles próprios sabem.

Podemos, e fazemo-lo sempre, dar testemunho da nossa experiência. Damos e deixo aqui a lista dos sites que consultamos semanalmente:

Quando, efectivamente, formos procurar uma casa para nós, deixaremos aqui a lista dos sites que preferimos. É com o maior prazer que recebemos quem chegar no aeroporto e vos levamos ao vosso alojamento (foi o que fizeram connosco e estamos muito gratos). Se for o conveniente para vocês até procuramos um quarto aqui perto em Willesden ou aconselhamos a melhor área para procurar em função do vosso budget/ local de trabalho.

Acima de tudo, o nosso conselho é: façam um plano, identifiquem as áreas em que gostariam de trabalhar, comecem a construir uma rede tendo esse fim em vista. Contem connosco para todas as informações que precisarem e para vos receber de braços abertos, sempre!

Ciclistas

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Londres é, de facto, uma cidade enorme, multicultural, cheia de pessoas diferente, esquisitas e, muitas delas, ciclistas.

Todos os dias se vêem milhares de ciclistas a irem para os seus trabalhos no centro de Londres, na periferia, em qualquer lado. E é giro ver a multiplicidade de formas, cores e componentes de cada bicicleta. Tanto encontramos uma senhora já com alguma idade numa “pasteleira” – aqui chamam-se Pashley porque é o nome da marca inglesa mais popularizada neste tipo de bicicletas – com um cesto de verga à frente, como uma rapariga de calças, numa bicicleta de Estrada em carbono, com o capacete todo torto na cabeça, guarda-lamas (para não se sujar) e toda ofegante a pedalar forte.

Mas ainda ontem vi um rapaz, todo equipado, de mochila às costas a pedalar numa Venge  S-Works (para os menos entendidos, uma bicicleta de mais de 8.000€…) todo lampeiro a caminho do trabalho enquanto fazia o seu treino matinal… UAU!!!!! Esta “fauna” é mesmo díspar….

Entre toda esta gente, são muitos os que passam na loja seja para comprarem luzes, câmaras-de-ar, encher os pneus ou comprar géis ou mesmo outros componentes. E também aqui há de tudo: ciclistas antipáticos, pessoas extremamente simpáticas, com óptimo sentido de humor, outros “macambúzios”, ,etc. Eu e o Joe temos uma tendência natural para não dizer que não a uma menina/senhora. Quando chegam ao pé de nós para comprar uma câmara-de-ar nova… ah, e se poderiamos mudá-la…. Claro que sim. Somos incapazes de dizer que a oficina está cheia de trabalho. Nós mesmo o fazemos. Mãos todas sujas mas, as meninas saem da loja com uma bicicleta “nova”. Ah, claro, depois de pagarem as 17 libras que custa o serviço claro. Não ando eu com as mãos todas secas (de tanto as lavar), cheias de feridas para não facturar.

A loja tem uma bomba para emprestar a quem passa e é um dos acessórios mais concorridos. Faz com que tenhamos casa cheia por vezes. Muitas meninas pedem a bomba para encher. Mas… Muitas vezes não conseguem encher. Ainda ontem me virei para uma cliente ao fim de alguns segundos: Precisa de ajuda? Resposta da cliente: É assim tão óbvio???? Pronto. Porta aberta para piadinhas à Ricardo: Sim, eu ajudo, não faz mal. Só tenho é de avisar que sou profissional da coisa e cobro £5 por cada bombada! Risada pegada claro! Adoro clientes com bom sentido de humor. E, muitas das vezes, conseguimos ter momentos bem divertidos na nossa loja.

Gosto e sinto-me bem ali.

The British Weather

Antes de vir para cá, eu estranhava esta obcessão Inglesa em falar do tempo. Depois do bom dia, comentava-se o tempo, pronto! Agora já acho normal, o estar sol ou cinzento, chuva, neve ou vento afeta bastante o nosso dia-a-dia e o nosso estado de espirito.

P1040314Hoje, por exemplo, estava eu a programar ir ver o desfile de St. Patrick no centro da cidade, mas a chuva que tem caído mandou-me ficar em casa  sossegadita, a enviar cvs e a escrever este post. Assim, vou ter com o Ricardo quando ele sair da loja, bebemos uma Guiness num pub e consideramos o St. Patrick comemorado (muito diferente, confesso, dos nossos planos habituais para este dia de que tanto gostamos!).

Nas semanas a seguir a termos chegado nevou bastante, seguido de bons dias de sol. Foi fantástico ir ao parque aqui perto apanhar sol e ver os miudos a descerem a colina nos seus trenós de neve. Já os pés encharcados não teve piada nenhuma.

Qualquer raio de sol é muito benvindo nesta terra cinzenta. Não é que não haja cor, mas é que o tempo poe o chão cinzento, as fachadas cinzentas e muitas vezes as pessoas cinzentas. Já quando abre o sol, tudo recupera cor e vida.IMG_0491

Mas o pior de tudo é o vento e a humidade que aumentam e muito a sensação de frio! Como eu agradeço os collants, calças de fazenda e casacos quentes que pus na bagagem.

Estou desejosa que comece a Primavera deles (deve ser assim semelhante aos nossos dias bonitos de Janeiro). As montras estão cheias de coisas giras e as revistas não param de mostrar os desfiles de Alta Costura. Venha o bom tempo, se faz favor que já estou cansada do frio!

Novas rotinas

A vinda para Londres traduz-se em novas rotinas também. Seja o quarto que tem de ficar arrumado e a loiça do pequeno-almoço lavada de manhã porque partilhamos a casa com outras pessoas que não têm de levar com a nossa desorganização, seja os pequenos gestos diários.

Desde que estou a trabalhar que me levanto antes das 07h da manhã, tomar banho, vestir, secar cabelo, arrumar quarto, não pode demorar mais de 1h, afinal tenho de apanhar o autocarro antes das 08h. Em casa ainda coloco a base, mas o resto da maquilhagem faço no andar de cima do autocarro e, em dias de sol como hoje, até corre melhor! Tenho a mão firme e já me habituei a prever os solavancos antes de eles acontecerem.

Chegar cerca das 09h ao escritório (esta é mesmo uma nova rotina, há mais de 10 anos que não trabalhava em escritório), a primeira coisa a fazer é o primeiro copo/ chávena de chá. É prática comum das empresas ter chá e café à disposição dos colaboradores. O Festival de Cannes Lions com as suas centenas de colaboradores, entre permanentes e temporários, não é excepção. Confesso que adoro poder beber 5 copos grandes de papel de chá por dia.

A hora de almoço é curta. Em 30 mn estou despachada, aproveito para ver o que se passa no LinkedIn e para visualizar algum vídeo que me tenha chamado atenção nos sites das agências. Os hábitos locais são de levar marmita e aquecer ou comprar o chamado meal deal num supermercado: sandes + snack/ fruta/ barra de chocolate + bebida por £ 3.00. Nós adoramos as sandes daqui e fica em conta, portanto tem sido a nossa opção.

Sai-se cedo, normalmente 17h estou a sair. Ainda há muito dia e dá para ir às compras ou passear em Camden Town (fica a 150 m do escritório atual). Já o Ricardo só fecha a loja às 19h e sair não sair são muitas vezes cerca das 20h. Frequentemente, apanho o autocarro que me leva da porta do escritório à porta da loja dele e regressamos juntos.

O jantar é mais tradicional, sei que não temos posto muitas fotos no FB mas descansem que continuamos a comer risottos, salmão grelhado e frango com natas e cogumelos. Só que a louça é bem mais feia e falta a bela da garrafa de tinto alentejano para compor a foto.

Vamos para a cama cedo, não temos televisão e o Vitinho chama, 22h30 já estamos a caminho.

Aos fins-de-semana, sempre que possível, passeamos por Londres, vamos aos museus (que são gratuitos muitas vezes), misturamo-nos e somos turistas na cidade que escolhemos. Uma vez por semana jantamos num pub e aí deliciamo-nos com asas de frango ou com comida tailandesa (não me perguntem a lógica de acoplar um restaurante Tailandês a um pub Inglês), mas que é de comer e chorar por mais, não tenham dúvidas.

E assim se passam os dias, com mais ou menos frio, chuva ou neve, mas sempre com os olhos postos no futuro e a prosseguir os nossos sonhos.

À procura de emprego em Londres

Como em Portugal estava habituada a ser requisitada e o meu cv apreciado pelos head hunters, pensei que o melhor que tinha a fazer era apresentar-me aos head hunters Ingleses e rapidamente teria alguma proposta para trabalhar. Erro crasso! O mercado Inglês valoriza experiencia no Reino Unido, não a adquirida noutros países, mesmo que em multinacionais, pelo menos foi o que me foi comunicado pelo único head hunter que acedeu a falar comigo, ainda que por telefone. Também me deu boas dicas sobre o meu CV, como a necessidade de contextualizar as empresas em que tinha trabalhado e que devia ser mais objectiva nas funções desempenhadas. Estas dicas, mais a ajuda preciosa da Sónia resultaram num CV que espelha muito melhor as minhas capacidades.

Outra pessoa essencial foi a Zabetta Camilleri. Contatei-a através de uma amiga comum. A Zabetta, enquanto natural de Malta, lutou para construir o seu nicho e tem um projecto super giro: a Sales Gossip. Eu falei-lhe da minha dificuldade em entrar no mercado do Retalho em Inglaterra, seja para uma posição de management ou até mesmo de vendedora. Ela chamou-me a atenção para a revolução que está a acontecer no mercado Inglês (ao mesmo tempo que surgem os Centros Comerciais em força, também o E-Commerce se posiciona, tudo contribuindo para as lojas que cada vez mais fecham nas High Streets), acrescido da concorrência feroz que eu tinha de todos os miúdos que estão a sair das escolas de estilismo e, que não arranjando emprego na sua área, concorrem às lojas! Chamou-me a atenção que o meu ponto forte era falar diversas línguas estrangeiras. Que deveria apostar nas empresas que querem exportar, sendo que muitas têm os olhos postos no Brasil. Entretanto, procurar junto das agencias de trabalho temporário revelou-se uma boa dica!

Houve também uma conversa muito interessante com a minha amiga Margarida que, como guru do Marketing, vê tudo em termos de posicionamento, concorrência e análises BCG e, finalmente, desvendou o ponto comum a todos os meus interesses profissionais! A minha paixão pelo consumidor ligava retalho, eventos, social media e todas as outras 50 mil coisas que eu gostava de fazer. Dizia a Margarida: “Tu és especialista em estragar uma simples ida às compras porque enquanto eu só quero ver uma blusa nova, tu estás sempre a analisar o merchandising, a luz, quem nos atende, sempre à procura de oportunidades de melhoria!”. E, realmente, sou uma chata! E também me irrito com as páginas FB que não respondem aos fãs. E acho sempre que os call centres podiam correr the extra mile e resolver aquele problema do consumidor. E adoro estar na bilheteira do Ignite Portugal ou à frente do staff do Upload Lisboa porque me permitem contatar com o consumidor destes eventos.

O resultado de todos estes inputs foi um posicionamento de “Passion for the customer”, que domina fluentemente 3 línguas estrangeiras.

Uma semana depois de começar a responder a anúncios, basicamente para Customer Service, fui contatada por uma agência de trabalho temporário especializada em línguas estrangeiras e estou a trabalhar no Customer Service do Festival dos Leões de Cannes. É temporário, mas quem sabe pode passar a permanente e é experiência em Inglaterra.

Abdul Mãos-de-Tesoura

Bem, ao fim de dois meses em Londres, o menino Ricardo não podia esperar mais pela sua querida Viviane e teve mesmo de ir cortar o cabelo.

Não foi tanto a falta de oferta que, pulula por estes lados, mas antes, tentar replicar a mestreza e carinho que a cabeleireira de anos e anos sempre colocou neste cabelinho de ouro!

Ora , mesmo aqui na rua encontramos o Golden Fingers. Dois árabes no interior cortam o cabelo. O preço até nem era mau de todo, ora vamos lá. Não há-de ser nada!
Chego, cumprimentam-me e está já a sair um senhor pelo que fica uma cadeira vaga. Convidam-me a sentar, colocam uma fita no pescoço e depois o tradicional enorme pano para nos cobrir do cabelo que há-de cair.

Pergunta como desejo cortar e lá me faço entender. Máquina Zero dos lados e atrás. E Máquina 1 em cima. Tuca-tuca, lá vai o senhor cortando o cabelo utilizando as duas mãos – sim, que já vi um rapaz cortar o cabelo com a máquina numa mão, e a outra no bolso enquanto ouvia phones!!!! – e nada apontar.

Depois então começam os problemas…. Ele pergunta-me se quero “shave” e faz gestos à volta do couro cabeludo. Digo que sim. Pensei: quer aparar o corte de cabelo. Acedi que sim e recosto a cabeça. Ele começa dos lados, muito bem, depois atrás e, para meu espanto, à frente! Pronto!!!! Caldo entornado!!!!
Fico com um enorme risco perfeito na minha frente. Nem sei o que pareço… Felizmente, é cabelo e volta a crescer, e daqui a umas duas semanas já mal se vai notar…. Mas… E agora? Como vou ficar nestes dias, com um enorme “risco certinho” mesmo na frente da carola?

Bem, pelo menos sei onde “falhámos”… Para a próxima, “no more shaving” na cabeça. Só de lado e atrás!!!! No final de contas, o Golden Fingers não tem assim tanto de Gold…. Deve ser mais só talhado a ouro…. Lá por trás, continua a ser madeira…

Abrir conta

Com o contrato de trabalho já assente (embora ainda sem o ter a mão), foi altura de abrir uma conta no banco para receber o dinheirinho ao final do mês. Mesmo no início da rua da loja existe uma dependência do Lloyds TSB. Aproveitei a hora de almoço e fui até lá. Fui bem atendido por uma menina que, na impossibilidade de me atender naquele momento, me marcou uma hora, naquele dia, para lá ir ter com ela.

Passado uma hora, fui ter com ela e fomos para uma salinha. Uma rapariga bem simpática, ciclista – que reconheceu a loja onde trabalhava e me disse que, quando precisasse de algo que me iria chatear… – e que me tratou muito bem.

Explicou-me tudo sobre as contas, o que me iriam “oferecer”, aquilo a que eu teria direito e que não teria de pagar fees nenhuns.

Ok. Passados 20 minutos tenho uma conta em meu nome. Depois de ouvirmos histórias de bancos que não abriam contas sem comprovativo de morada ou contratos de trabalho, o mito quebrou-se! Apenas com o Passaporte criei a minha conta no banco. A rapariga acreditou na minha “farda” e mesmo sem o contrato de trabalho abriu-me uma conta!

Simples, rápido e sem custos! Eu ganhei uma conta num banco, uma cliente e a menina do banco ganhou um contacto na loja das bicicletas! É caso para dizer: um parceria win-win!!!! J

Primeiro emprego

Uma das coisas que pensámos, erradamente, era que, devido à enorme quantidade de anúncios que existiam e que a cada dia eram lançados nos sites de emprego, que seria fácil arranjar um trabalho. Nem que fosse algo temporário e, depois, mudar. Não funciona assim. Mesmo com a enorme quantidade de anúncios, temos de contra com 500 mil candidatos à função e, como as empresas fazem tudo by the book, as coisas tendem a demorar o seu tempo…

 

Portanto, quase duas semanas depois de chegarmos, tenho uma entrevista numa loja de bicicletas – por sinal, a maior de Londres – e depois de 20 minutos de conversa, sou convidado a ir para a loja vender. Aceito o desafio e lá vou eu. Como não tenho nada a perder, não tenho medo de abordar os cliente e vou satisfazendo as suas curiosidades e desejos. Faço algumas vendas.

Uns 20 minutos depois, sou chamado ao gabinete do gerente que me convida para um part-time. 16 horas por semana. É o que pode oferecer mas que, com o meu CV e com a necessidade de vir a precisar de Full-Times em Março/Abril, tenho uma grande carreira à minha frente.

Vou ter com a Xana e almoçar, finalmente (eram umas 15h) e tenho de voltar para a loja, pois entro às 16h e saio às 20h.

Durante essa tarde vendo a minha primeira bicicleta, para além de muitos acessórios. Todos os colegas na loja olham com respeito, comentam uns com os outros que “ah, ele era gerente de uma Specialized Concept Store em Portugal”, e depois vende logo uma bicicleta na primeira tarde… ele deve ser bom!!!!!

Os restantes dias seguiram sempre muito produtivos. Os clientes entram na loja com dinheiro para gastar, só temos de os ouvir, saber o que pretendem, aconselhá-los e… vender! Ao fim de duas semanas de Part-Time, em que trabalhei 10 dias, vendi 10 bicicletas, mais de 15K libras e já todos na loja gostavam de mim!

 

Entrentanto, recebi um convite para ser Assistant Manager na melhor cadeia de bicicletas do UK, em Kensington e, não pude deixar de aceitar. Enquanto estar na maior loja de bicicletas de Londres era entusiasmante, não deixava de ser um Part-Time. Aqui, iria ter um contrato efectivo – com 3 meses à experiência – e um cargo de… chamemos-lhe, semi-chefia! Todos os meus ex-colegas ficaram tristes com a minha saída mas, também, contentes por ter conseguido, tão rapidamente, uma oferta tão boa. E que muitos já tinham tentado a sua sorte naquela empresa para onde eu iria… O que só me deu ainda mais confiança de ter tomado a decisão certa.

 

Na nova loja, uma loja pequena situada em Kensington, bem diferente… Um ritmo mais lento mas, seja de manhã, antes de entrarem no trabalho, durante a hora de almoço e depois de saírem do trabalho, os ciclistas londrinos enchem a loja e não temos, literalmente, mãos a medir. Temos de ser cordiais, profissionais, levar as vendas até ao fim, ajudar os clientes mas, fazê-lo rápido pois temos mais dois ou três clientes à espera! É um conceito diferente e o pessoal é afável e professional. Nada a apontar.