Recrutamento à Inglesa

aqui falei das entrevistas telefónicas que são inevitáveis neste país. Destinam-se a validar o nosso CV e a perceber se teremos as skills necessárias para a função. Quando passamos à entrevista presencial, o CV já é menos importante ou até posto de lado. Por exemplo, fui a uma entrevista para o Boots, conhecida cadeia de farmácia/ perfumaria em que quem me entrevistava nem tinha o meu CV, apenas um guião de perguntas, destinadas a comprovar as minhas skills de retalho e de management, através de exemplos práticos. No final, pediram-me que estudasse um case e apresentasse a minha solução. Foi um exercício bastante interessante, já que me lembrou tudo o que eu sempre gostei no retalho, estratégia, gestão de equipas, liderança. Infelizmente, não me permite esquecer aquilo de que gosto menos: os horários. No dia seguinte recebi o mail da praxe “Thanks, but no thanks!”. Bem, pelo menos deu para ter a certeza do que não quero.

Outro processo em que estive envolvida foi para Event Organiser com conhecimentos de línguas (vale a pena ler este post para perceber de onde é que isto vem). Depois da entrevista telefónica, recebi um mail a convidar-me para uma entrevista presencial, informaram logo que me pediriam para fazer um teste prático de word e excel e que valia a pena estudar o site deles. Eu gosto de testes práticos! Dizer que se percebe é uma coisa, mostrar é a sério. Na entrevista estavam presentes a Sarah que, estando de saída da empresa, era quem estava a tratar do processo de recrutamento e a Stephanie, Manager. Simpatizei logo com ela, principalmente porque no site da empresa diz que adora esquiar!

Quando cheguei a casa, já tinha o mail a chamar-me para a entrevista final. A Sarah também me pediu que lhe enviasse um documento em que escrevesse como via a empresa, a posição a que concorria, bem quais as skills que eu achava que possuía e que poderiam acrescentar valor. À boa maneira tuga, tinha semana e meia e, claro, só escrevi no dia, mas saiu uma coisa bem feitinha.

Assustei-me quando entrei na sala! Estava à espera da Sarah, da Stephanie e de um dos diretores, mas estavam ainda mais duas pessoas da equipa. Todos podiam fazer 2 ou 3 perguntas, sendo que o Scott estava mesmo interessado era na experiência que eu tinha adquirido a trabalhar a página FB do Ignite Portugal. A empresa é pequena, toda a gente mete o bedelho onde puder e o Social Media precisa de cara lavada, é verdade. O role play correu-me bastante bem e pronto. Quize minutos e estava tudo feito.

A Sarah já me tinha avisado para levar um livro porque, no final, era tempo da restante equipa conhecer os candidatos e iríamos para um pub, mas poderia haver algum tempo de espera. Li muito pouco, não estava com cabeça e também o cachorro da Nic que, soube, visita o escritório 3 dias por semana, estava mesmo ali a pedir festas e brincadeira.

Eu adoro pubs e sou um bicho social! Esta etapa do processo de recrutamento estava feita para mim. No início, estavam mais rapazes discutiu-se futebol (dizer duas ou três coisas acerca do Mourinho e do Ronaldo ajudou), St. Patrick e afins. Depois foram chegando as meninas e fui sabendo mais da empresa (adoro o trabalho feito no Twitter pela Lucy) e da equipa. Também conheci a minha concorrência: éramos cinco e ficaríamos dois. Obviamente a Julia, única a falar Russo seria contratada, a Bárbara, Portuguesa como eu, esteve o tempo todo de braços cruzados (se não fosse concorrência tê-la-ia avisado, mas assim…). Ficavam os dois rapazes, um esteve o tempo todo a lançar charme para todo o lado, tendo ficado no pub no final do dia a flirtar com duas das miúdas, já o outro rapaz pareceu-me bastante interessante com bastante experiência em eventos e falava bastante bem Português.

Há processos de recrutamento fora da caixa, como o da Heineken que correu mundo ultimamente, mas este também o foi. Definitivamente, quiseram-me conhecer e eu tive oportunidade de mostrar que era a melhor para o lugar. No final…. No final consegui o emprego! Viva eu!

Alegria no Trabalho

Era uma vez uma Portuguesa, um Italiano, uma Francesa, uma Russa, um Espanhol e uma Alemã… Parece o início de uma anedota em que, no final, a Tuga prova ser a mais esperta, mas não é. É a minha equipa de trabalho no Festival dos Leões de Cannes.2013-03-22 09.09.00

O nosso trabalho é contatar as Agências de Publicidade nos diversos países e, usando os nossos conhecimentos linguísticos, garantir que nenhuma campanha publicitária, com valor acrescentado, deixa de ser apresentada a concurso. Já agora, persuadir as agências a fazê-lo o mais cedo possível já que todas as candidaturas têm de ser revistas e, quanto mais tempo houver para o fazer, em melhores condições estarão perante o júri e o Festival e a Agência só têm a ganhar com isso.

Cada país tem as suas peculiaridades! Em França, na Alemanha e restantes países germânicos é obrigatório o tratamento por sr. e sra., em Espanha usa-se muito o tu, em Portugal, fui corrigida por duas telefonistas por não usar o dr. ou dra., mas no geral o tratamento por você está perfeito, cheguei mesmo ao tu com um ou dois contatos. No Brasil, são muito mais boa onda e informais, o beijinho no final do telefonema ou do email faz parte.

Considerando que é um trabalho temporário, poderíamos pensar que era chegar, fazer uns telefonemas, despachar uns mails e pronto! Mas que raio, não sou assim e a maior parte dos meus colegas também não. Em poucas semanas construí relações com alguns clientes, desde os que apresentam 1 candidatura, aos que apresentam 200. Traduzi muitos mails para Inglês e vice-versa, envolvi-me com as suas questões, vi muito vídeo de campanhas que vão a concurso este ano. Tenho os meus favoritos, claro, mas desejo a todos a mesma boa sorte!

No outro dia, ficámos a olhar em volta e a comentar: quando nos formos embora este escritório vai ficar um silêncio sepulcral. É que nós éramos mesmo os mais animados. Ríamos, conversávamos, falávamos ao telefone e teclávamos furiosamente para responder a todos os mails, mas, na verdade, fomos a primeira equipa que, alguma vez, cumpriu o objetivo de 100% contactos e, ainda por cima, de uma forma qualitativa.

Go, Entries Team, go!

Água

Este é um tema de que não esperava nada vir a falar, mas a verdade é que influencia muito o nosso dia-a-dia e não, não estou a falar da chuva que, tradicionalmente, se atribui a Londres, é mesmo da que sai das torneiras que hoje falo.

A água em Londres é calcária, ponto! Isto significa que é o paraíso dos vendedores de detergentes anticalcário, seja em líquido para limpar casa de banho e afins ou em pastilha para as máquinas da roupa e louça.

Outra classe de produtos que vende muito bem e se torna indispensável é o jarro para filtrar a água para beber, o filtro na torneira ou jarro elétrico com filtro (quero um destes quando tiver a minha casa). Sim, tem mesmo de ser usado! Segundo a Diana e o Jorge, enfermeiros de profissão, o nível de calcário é tal que aumenta em muito o risco de pedras nos rins. Uma das mariquices no escritório novo do Festival dos Leões de Cannes era mesmo uma máquina que filtrava e aquecia água por andar.

Ainda um hábito que rapidamente se adquire é o de usar creme hidratante no corpo. A água seca a pele e provoca irritação, depois coçamos e acabamos com feridas. Devo dizer que os meus braços estão uma vergonha por causa disto. O creme de mãos torna-se o nosso melhor amigo, sempre connosco para fazer frente à secura (esta provocada, também, pelas temperaturas baixas). O cabelo também exige cuidados redobrados de hidratação, a Diana aconselhou-me a passar óleo nas pontas antes de o lavar para o proteger, por exemplo.

E, pronto, se calhar é por isto que esta malta bebe tanta cerveja!

Entrevista por Telefone

Já me tinha acontecido algumas vezes em Portugal, mas aqui é prática comum que a segunda fase de recrutamento, depois do envio do cv, seja uma entrevista telefónica.

Das primeiras vezes, cometi o erro de responder quando me ligavam. Não estava preparada e, claro, a coisa não correu muito bem. Hoje, sempre que recebo um telefonema indico que estou no meu local de trabalho e que não posso interromper, se me podem ligar a determinada hora. Esta estratégia tem dois efeitos importantes: indica ao recrutador que sou uma pessoa focada no meu trabalho e responsável e permite-me ir rever o anuncio e fazer alguma pesquisa sobre a empresa.

As entrevistas podem demorar 5mn ou 30 mn. Já fiz uma para o Debenhams com hora marcada que correu muito mal, fiz outra para a Boots hoje que correu muito melhor. As duas foram longas e versaram sobre o meu CV, sendo normal pedirem exemplos de gestão de equipas, reclamações, etc… A dificuldade extra está em ser em Inglês, mesmo sendo fluente e já cá estando há 3 meses, há certos cambiantes que, por telefone, ficam difíceis de perceber.

A semana passada tive uma bem curta, cerca de 5mn – 10mn, a posição é de Conference Manager e um dos mercados trabalhados pela empresa é o Brasil. Ligaram-me no início da tarde, pedi para ligarem mais tarde, mas acabei por ser eu a ligar (além da chamada, tinham-me enviado um mail com detalhes e o número de telefone direto). Usei a palavra Brasil 5 vezes, falei em customer focus e em construir relações com clientes mesmo em contexto de trabalho temporário. Recebi agora um mail a chamarem-me para a entrevista. Wish me luck!